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Mudar ou não mudar, eis a questão!

Crônica

Rafael Costarc7comunicacao@gmail.com

Observe os pássaros em frente a sua casa. Para onde eles vão e porque eles voltam? Mudanças são sempre bem vindas em nossas vidas. Sejam elas boas ou ruins, todas mudam algo ou alguém. Mudar para muitos significa emagrecer. Para outros apenas pensar. Mudar causa arrepio em alguns e contentamento em outros. Todos mudam e todos sabem para onde querem ir, só não sabem se irão chegar. Os pássaros continuam a mudar. Migram de uma região a outra no aviso singelo da natureza e nem ao menos parecem perguntar para onde estão se movendo. Compreender a exatidão da palavra mudar parece-me insensatez, vulgar de mais e interesse de menos.

Mudar pode ser simplesmente transferir-se de um lugar para outro, trocar de vida. Aquela vida da qual você parece não querer mais viver. Daquelas pessoas das quais você não quer mais conviver. Daquela janela da qual você não quer mais olhar. Daquela rua que você não quer mais passar. Apenas isso é suficiente para mudar? Quem sabe mudar faz apenas você sentir-se útil, onipotente. “Eu mudei”. Mudou nada. Você será sempre a mesma pessoa, o que mudará, será apenas a convivência, a linguagem. A insatisfação diante da mudança continua. O tempo irá passar e você desejará outra mudança. “Não aquento mais…!” Mas quem aquenta? Apenas suportamos pacientemente o final da rua chegar, o dia se acabar para pedirmos novamente que ele se acabe. A carne é fraca e o pensamento é vulnerável.

As memórias do passado só valem naquela mesa de bar para surpreender a pessoa desejada. Contando histórias alucinantes vividas – pensa você – só por você. No livro “A Carne de René”, de Virgilio Piñera, René pede a seu pai que não lhe mate e seu pai responde: “Não serei eu quem afundará o punhal no seu peito, meu filho, mas pense que no mundo há milhões de mãos e milhões de punhais…”. Portanto, é ingênuo pensar que tudo mudará como em um passe de mágica, assim vivido pela pequena Alice. Mudar é apenas transferir seus olhos de um lugar comum para outro lugar comum. À distância em todo caso é insignificante, ela é medida pela sua euforia. Então mude, seja de lugar, de opinião, de profissão, de mulher, de homem, de e-mail, de música, de cabelo, de tatuagem, de endereço, de nome, de roupa, de vocabulário, de candidato, de prato… Mude e perceberá que serás sempre o mesmo.